quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Entrevista - Cesar Lattes

— No princípio, Deus criou os céus e a terra.
— Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...
— A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas.
— Tinha o céu, a terra e as águas. Então, o que Ele disse?
— Deus disse: ‘Faça-se a luz’.
— Ele estava no escuro...
— E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou ‘dia’ a luz e às trevas, ‘noite’. Assim surgiu a tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.
— Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?


Foi assim que começou o diálogo entre a repórter Tatiana Fávaro do Jornal da Unicamp e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp, na manhã de 19 de julho. O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista.


Aposentado desde 1986, Lattes diz aceitar a Bíblia como a origem da matéria. “Sou judeu, católico apostólico romano, stalinista, cristão, ortodoxo, animista e maometano”, brinca, ao ser questionado sobre religião.


Jornal da Unicamp – O que o senhor acredita ser aceitável para explicar a origem do Universo?
Cesar Lattes
A realidade objetiva, a realidade no duro, é a resultante da superposição de todas as vontades: animais, vegetais, minerais e objetos manufaturados. Tudo tem alma. Até esse fósforo que acabei de acender. Vamos falar de Universo: cada ser é um Universo. Dizem que existem infinitos Universos. Eu não consigo conceber o conceito de infinito. Então, da origem de qual deles vamos falar? Das galáxias? Olha, eu acredito nesse livro aqui (bate na capa da Bíblia). Professo acreditar no que o cientista fala – porque é assim que ganho dinheiro como professor –, mas eu não acredito, acredito na Bíblia. As galáxias, dizem eles, está na moda, e o Big Bang, o traque enorme há 18 bilhões de anos, originou o Universo. Mas apareceu onde? No espaço e no tempo. Deus criou a matéria. Então, a origem do Universo, de acordo com os bobocas dos astrônomos, foi há 18 bilhões de anos. Só que o Sol existe apenas há 5 bilhões de anos... Eles dizem também que o Universo está em expansão. É o que dizem.


JU – E o senhor, o que diz?
Lattes
(Bate cinco, seis vezes sobre a Bíblia)


JU – Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão...
Lattes
Deus criou. E eu não brigo com astrônomos por isso, porque eu não os levo a sério.


Este é um pequeno trecho da entrevista realizada pelo Jornal da Unicamp com o físico brasileiro César Lattes(leia a entrevista completa no blog da jornalista: www.tatianafavaro.kit.net/jornaldaunicamp_lattes.htm).


César Lattes foi um dos físicos que trabalharam na grande descoberta experimental, de uma nova partícula atômica, o méson pi. Tal descoberta rendeu um prêmio Nobel à Cecil Frank Powell, líder do grupo de pesquisa . Lattes figura como um dos poucos brasileiros na Biographical Encyclopedia of Science and Technology de Isaac Asimov, como também na Enciclopédia Britânica.


César Lattes é um dos mais importantes físicos brasileiros, portanto decidi que minha 1° postagem seria sobre ele. Na entrevista acima, Lattes deixa claro a sua opinião a respeito da origem do universo, afirmando que o Gênesis é o verdadeiro relato da criação universal.


Para Lattes, "o estudo só é válido se houver observação. Só teoria é conversa". Ele diz , por exemplo, que a teoria do Big Bang fala de uma explosão criadora há 18 bilhões de anos, mas o sol tem "apenas" 5 bilhões de anos. Então de onde teria surgido a matéria? "Deus criou. Eu não brigo com os astrônomos por isso porque eu não os levo a sério", disse o físico. Para ele, a explicação para o surgimento do universo está no primeiro livro da Bíblia.


Ele também critica o constante uso da intuição na física, a maneira como os cientistas teorizam de forma indiscriminada sem se importar com qualquer tipo de empirismo ou comprovação. Afinal, isso também não seria um tipo de fé?? Ou então ocorre o contrário, tais "pesquisadores da verdade" apelam para o dogmatismo e recuam diante do abismo que se encontra por baixo da superfície do conhecimento e se agarram a seus paradigmas e modelos favoritos tentando domesticar a "voz da ciência".

Por favor, tentem parecer menos religiosos...